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Arquitetos: Moguang Studio
- Área: 450 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Qingshan Wu

Descrição enviada pela equipe de projeto. No inverno de 2023, o Moguang Studio foi convidado a projetar um equipamento público para um distrito de pousadas planejado na Vila Longwanggou, em Shiyan, Hubei. O programa reúne um espaço de refeições leves, café, cozinha e áreas de reunião. O terreno, vizinho ao Reservatório Danjiangkou, já havia sido nivelado em terraços artificiais e estacionamentos, rompendo a continuidade original com o vale e os campos de arroz.



Uma barreira azul temporária erguida pelos empreiteiros serviu de inspiração para o projeto. Suas chapas corrugadas, cortando a encosta, evocavam as instalações de terra de Christo e Jeanne-Claude. Ampliando esse gesto, o edifício se transforma em uma intervenção linear na paisagem: ao mesmo tempo em que abstrai a vista distante, também se converte em uma galeria funcional. As restrições orçamentárias levaram ao uso de tábuas pré-fabricadas de madeira de 150 mm como fôrmas para o concreto, criando superfícies com veios marcados, ritmo e direção que suavizam a abstração do volume de concreto.


Três pátios de luz foram inseridos no maciço de concreto, alinhados com os fluxos de circulação. O “Pátio de Luz Vertical” — um cubo de 7,5 metros — conecta horizontalmente restaurante, cozinha e sala de reuniões, ao mesmo tempo em que liga verticalmente as pessoas ao céu e ao solo, por meio da luz que se transforma ao longo do dia. A variação da luz redefine a percepção de espaço e tempo, fragmentando a experiência arquitetônica. Os pisos receberam acabamento em epóxi de tom próximo ao do concreto, reforçando a unidade material.



Para alcançar a sensação de suspensão e um interior amplo, livre de colunas, tanto a laje do piso quanto a da cobertura foram projetadas em concreto nervurado, formando um sistema tubular tridimensional. As cargas são absorvidas por escadas nas extremidades, paredes laterais e divisórias deslocadas, apoiadas em uma fundação em radier. Janelas verticais alongadas, combinadas a aberturas motorizadas em ambas as extremidades, garantem ventilação cruzada e reduzem a percepção de massa estrutural. As vigas expostas integram as instalações prediais, e sua robustez é suavizada pela fina lâmina d’água refletiva na cobertura. Esse espelho d’água ecoa o reservatório distante e contrasta com as texturas montanhosas, instaurando um diálogo entre geometria e paisagem.



A concha de concreto foi moldada em uma única concretagem, com piso e cobertura projetados com leve arqueamento para equilibrar os esforços estruturais. O resultado é um edifício que se apresenta, ao mesmo tempo, como galeria habitável e ponte geométrica — uma intervenção que responde ao terreno alterado enquanto afirma uma ordem arquitetônica silenciosa no meio da natureza selvagem.






























